sábado, 24 de setembro de 2011

PROFISSIONAIS DE OUTRAS ÁREAS ESCREVENDO SOBRE HISTÓRIA: O QUE VOCÊ ACHA?!

Estamos vivendo um período em que profissionais de outras áreas estão se "aventurando" pelo campo da História. Vejo dois aspectos nisso: O primeiro é positivo, pois de alguma maneira a História está chegando de forma mais atraente para a população digamos não acadêmica. Isso me leva a uma reflexão: Será que nós historiadores não devemos sair um pouco do nosso "castelo da erudição" e passarmos a produzir uma História mais acessível ao povo?". O segundo aspecto é negativo, pois a "invasão" de profissionais de outras áreas produzindo História nos leva a uma preocupação que é legítima: Que tipo de História está sendo produzida por esses profissionais? Levam em consideração a Historiografia já produzida? Respeitam os paradigmas da ciência História? Tenho uma postura bem definida sobre estes "mais vendidos de História" que estão sendo produzidos atualmente: São livros divertidos, que trabalham uma maneira não oficial de ver a História. Estimulam a leitura e aproximam a sociedade não acadêmica um pouco mais da História. Entretanto, não são produzidos por historiadores, e por isso tenho a consciência que estas obras não possuem uma responsabilidade historiográfica. Ponto!
Abraços e até a próxima!!!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA AMÉRICA LATINA

Após o sucesso de "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil", Leandro Narloch, agora em parceria com Duda Teixeira, nos contam algumas curiosidades sobre os "heróis da América Latina". "GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA AMÉRICA LATINA" vai desconstruir algumas imagens já consagradas de personagens como Che Guevara e Fidel Castro, por exemplo. A seguir, parte de uma entrevista concedida pelos autores à Livraria da folha:
Como foi que ocorreu a escolha de personagens do Guia? Vocês listaram os mais simbólicos e foram atrás dos podres de cada um, ou foi de outra forma?
LEANDRO: Nós fizemos uma lista dos personagens cuja história já sabíamos não condizia com os mitos criados em torno deles. Na apuração, descobrimos outras coisas e os capítulos foram crescendo.
DUDA: Se tivéssemos listados todos os personagens mais simbólicos primeiro e depois fossemos atrás dos podres deles não faria nenhuma diferença. Na América Latina, há uma incrível coincidência entre os heróis cultuados por todos e encrenqueiros. Somos mestres em adorar incompetentes e assassinos.
Como a história tem nos mostrado, todo ídolo tem lá suas maluquices antes (e durante) a "fama". Alguma das descobertas chamou mais a atenção de vocês?
DUDA: Fiquei um pouco chocado com as atitudes do Perón. A forma como ele seduziu jovens é chocante. Perón foi um aproveitador que fez pleno uso de seu poder como presidente para saciar seus desejos pessoais.
LEANDRO: Che Guevara, ainda na década de 60, reconheceu que o modelo econômico centralizado não funcionava. Isso foi uma surpresa para mim. Cinco décadas depois e os ditadores de Cuba ainda não entenderam isso.
Algum personagem ficou de fora?
DUDA: Pinochet. Não fizemos um capítulo sobre ele porque não havia mitos para derrubar. Ninguém sai por aí hoje dizendo que Pinochet foi um defensor dos direitos humanos, um pacifista ou um defensor da democracia -- como fazem com Che ou Allende.
LEANDRO: Talvez valesse um capítulo só contando que Pinochet é o grande responsável pela pujança da economia chilena. A ver...
Chegaram a reunir pesquisa e sentiram vontade de desmascarar alguém ainda vivo?

DUDA: Fidel Castro quase teve um capítulo dedicado só para ele. Foi por pouco. Preferimos focar no Che, pois o mito criado em torno dele é muito maior que a adoração em torno de Fidel, o qual é visto pela grande maioria como realmente é: um ditador. No final, optamos dedicar capítulos somente a pessoas que já faleceram.

LEANDRO: Fidel então deve entrar na próxima edição.
O capítulo que explora a vida de Che Guevara apresenta fortes passagens e talvez capazes de derrubar sua imagem do herói comunista latino. Acham que, a partir do livro, ele deixará de habitar o inconsciente popular de ser um cara legal? Do mesmo modo, estão preparados para serem contestados sobre o que escreveram?
LEANDRO: Em muitos casos, a adoração de Che Guevara se restringe a um ícone de massas, que muitas pessoas sustentam só para dizer "sou rebelde" ou "sou jovem". Isso vai continuar. Aqueles que usam Che para encampar uma proposta mais profunda, como "sou a favor dos trabalhadores" ou "sou contra a opressão dos mais fracos" devem se questionar um pouco após a leitura do nosso livro.
DUDA: Estamos preparados para críticas. Até agora não chegou nenhuma.
O Guia, no final das contas, deixa a América Latina sem heróis. Qual é o recomeço?
DUDA: Ao administrar um país, um governante não deve se espelhar em pessoas que ele julga grandiosas. Deve ser pragmático e repetir as políticas que deram certo em outras regiões, onde se reduziu a pobreza, melhorou o ensino e incentivou-se a economia. E essas políticas estão anos luz de distância dos heróis latinos.

LEANDRO: Mesmo assim, não há problema em admirar figuras do passado. É comum, em todos os países, jogar um brilho a mais em alguns personagens. Mas a América Latina bem que poderia admirar pelo menos homens comuns, e não sociopatas!
O projeto do Guia para por aqui, ou estão esperando certos personagens esfriarem para serem estudados sem maiores problemas? Seja no campo político, mas que também possa incluir o campo das artes, ciência e até esporte?
LEANDRO: Sim, devemos enveredar para um Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo e talvez sobre economia! Mas isso só em 2013 - nos próximos meses preciso cuidar do meu filho e jogar videogame.


Leandro Narloch é presença garantida na FEIRA PAN-AMAZÔNICA DO LIVRO no dia 07/05 às 20h. Ao paraense que gosta desta maneira não oficial de tratar a História, vale a pena conferir!!!!