sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A POLÍTICA NO BRASIL IMPÉRIO: LIBERAIS E CONSERVADORES NA DISPUTA PELO PODER.


Basicamente há na historiografia três correntes acerca da relação entre esses dois partidos políticos: Os que negam qualquer diferença entre eles, os que distinguem através da classe social e os que os diferenciam por qualquer outro motivo como, por exemplo, a origem regional.
Entretanto, nosso objetivo aqui não é esse, mas sim demonstrar como esses dois partidos se relacionavam na luta pela disputa do poder. Sabemos que suas idéias e seus embates agitavam a vida em todos os setores da sociedade do Império e que influenciavam intensamente o funcionamento do Estado brasileiro. Suas posições de Governo ou oposição dependiam diretamente da vontade do imperador. Lembremos que no Império e até mesmo nos anos iniciais da República a participação da população na política era reduzidíssima. Liberais e Conservadores estavam longe de representar a opinião pública, logo suas participações no poder governamental dependiam do relacionamento com imperador e dos esquemas de fraudes que predominavam nas eleições políticas. O partido que se encontrasse no poder utilizava-se da máquina do governo para manter tal posição. É claro que esse jogo político dependia exclusivamente de uma única peça: O imperador. Ele foi o responsável pela alternância no poder desses dois partidos durante quase sete décadas de Império. Na verdade, o imperador fazia o papel da opinião pública que naquele momento não existia devido a política ser algo exclusivo de uma pequena parcela da sociedade, a elite. Tanto que o critério não só para votar como também para se candidatar a algum cargo político, era através da renda financeira (censitário). Se quando para chegar ao poder os dois partidos agiam da mesma maneira (ambos praticavam fraudes eleitorais), quando chegavam, então, não era muito diferente. Tanto que se criou uma máxima no Império: “nada mais conservador do que um liberal no poder”. Curiosamente embora historicamente o partido Liberal tenha sido elaborador de reformas, de crítica à realidade do Império, porém, as principais mudanças implantadas durante o Império foram de autoria de ministérios Conservadores. O que também não retira do partido Liberal sua importante função de pressionar para que tais mudanças ocorressem.
A hegemonia desses dois partidos começou a ser abalada por volta da década de 1860 e daí se estendeu até o final do Império. O surgimento do partido Progressista (1864-1868) e mais tarde seu desmembramento com a formação do partido Republicano em 1870 abalou a polarização do poder entre Liberais e Conservadores. Princípios do liberalismo clássico (maior liberdade individual, expansão dos direitos políticos a toda sociedade, reformas sociais) e mais a ocorrência de alguns fatos como a abolição da escravidão, os conflitos com o exército e com a igreja, serviram para minar as bases da Monarquia e ocasionar a queda destes dois partidos. Com a Monarquia extinta em 1889, os partidos Liberal e Conservador deixaram de ter razão para existir haja vista suas convicções monárquicas.