sexta-feira, 12 de março de 2010

O SERINGUEIRO COMO AGENTE SOCIAL

É muito comum, ao estudarmos a economia da borracha na Amazônia na virada do séc. XIX para o XX, analisarmos o seringueiro como sujeito passivo à todos os mecanismos de dominação e exploração por parte do seringalista (Proprietário do seringal), principalmente, por meio do tal sistema de aviamento. Entretanto, o seringueiro não foi esse sujeito oprimido nem tão pouco conformado com sua situação de exploração como a historiografia tradicional tenta retratá-lo. Na verdade, esses trabalhadores eram agentes sociais ativos na busca da melhoria de sua condição de vida, seja na tentativa de burlar as leis do seringal, como por exemplo, comercializando a borracha extraída com os regatões em vez de comercializá-la com o barracão do seringal, ou desenvolvendo redes de solidariedade que resultavam em momentos de compartilhamentos de sentimentos de alegria, tristeza, insatisfações, etc. Festas ocorriam nos seringais ou para homenagear algum Santo ou simplesmente para comemorar uma boa extração do látex. Momentos como estes exigem outros olhares sobre a imagem do seringueiro que vai muito além das relações de exploração e sofrimento vividos por eles no seringal.
Portanto, os seringueiros não podem ser vistos como massa de manobra, submetidos simplesmente aos interesses dos seringalistas, pois foram agentes ativos, reivindicadores de seus direitos, que burlaram as leis do seringal e buscaram melhores condições de vida.